29 de out. de 2016

Desrespeito com pessoas trans em hospitais.

Fonte:Google.
Hoje, mais um "story time" pra vocês.

Eu já falei sobre como pessoas trans evitam hospitais por causa do constrangimento antes e hoje vou abordar o mesmo assunto.

O hospital que eu costumo frequentar é o Santa Joana.

Desde quinta-feira estou gripada e com dor de garganta, as dores foram piorando, e a gripe também até que agora, sábado, de tarde, resolvi ir ao hospital.

Na recepção mostrei todos meus documentos e minha carteira de estudante que é o único documento que tenho com meu nome social.

Deu tudo certo e a recepcionista me assegurou que não iria ocorrer nada.

Me levaram para a avaliação inicial, a médica me tratou super bem.

Depois disso, passou um tempo, mais um tempo, mais um tempo e nesses "tempos" 1:30 já tinha se passado desde que alguém tinha me atendido.

Uma médica (não a que me atendeu) passou por mim e notou que eu estava impaciente, ela pergunta meu nome e diz que vai chamar alguém para me atender logo.

Um enfermeiro chega e fala "me siga por favor" e me leva para outra parte do hospital, onde fiquei dentro de um quarto, super frio, no "box 25", perguntei a ele se tinha como desligar ou aumentar o ar, ele falou que ia tentar.

Nesse "ia tentar" passaram-se mais 30 minutos e um casal entrou no quarto e sentou no "box 26", pouco tempo depois disso outro enfermeiro chega e fala "Fulano de tal?" Eu respondo instantaneamente "Não", ele pergunta "tem certeza?" e falo logo que "sim", enquanto isso, o casal do lado me olhava como se tivessem descoberto um E.T, o enfermeiro fala "errei de box então"

Eu fico mais dez minutos lá, para fingir que nada aconteceu, logo depois saio e vou direto na recepção, encontro uma moça com um uniforme diferente e pergunto de cara "Tem algum local onde eu possa fazer uma reclamação?"

Ela disse "Pode falar", eu conto tudo o que aconteceu e ela me pede pra sentar e esperar um pouquinho, outro enfermeiro chega e fala "Senhora Anne? Pode vir por aqui".

Dessa vez, tudo terminou bem, fui medicada, duas enfermeiras chefes vieram falar comigo, pedindo para eu relatar o problema, usaram vários termos errados, mas foram uma fofa querendo se desculpar e que eu ficasse bem.

Só o médico no final que veio me dar o laudo e falou "Na receita é FULANO DE TAL NÉ?", respondi "é o nome de registro" e novamente ele falou "NOME DE REGISTRO É FULANO DE TAL NÉ?", desisti de tentar e falei "aham."

Tá, mas e as outras pessoas trans que não tem acesso a hospitais com planos de saúde? O que elas fazem? 

Como já falei em outro post sobre isso:

"Um hospital tem a obrigação de cuidar da sua saúde, tanto mental quanto física, e a partir do momento que desrespeitam seu nome social (de propósito), te tratam pelo pronome errado (de propósito), seguram risos na tua frente e riem abertamente pela tuas costas, não estão ajudando a melhorar seja o que for que a pessoa trans esteja sentindo, e sim piorando toda a situação."

Primeiro, nós nos assumimos pra família, somos expulsas, depois saímos do colégio por medo, com isso somos obrigada a morar na rua, sem conseguir emprego temos que nos prostituir por obrigação.

Além disso, não podemos cuidar da nossa saúde por medo de chacota.

Isso é a vida de 90% da população trans no Brasil.

Assim como várias instituições que adotaram o "Nome Social" os hospitais também deviam. Pessoas trans necessitam de cuidados.

Somos seres humanos também.

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